sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Menina e o Bulldog (Sonho 1)

O vento batia suave na plantação de trigo. A terra batida se misturava com o asfalto rachado. Mesmo com o sol brilhando com toda força no céu azul, a pequena chorava sem entender o que estava acontecendo ao seu redor.
- Você está bem - disse um bulldog malhado para menina entristecida.
Logo o choro ficou de lado para o espanto. A menina se arrastou eufórica quase desaparecendo na plantação.
- Não estou ofendido. Isso sempre acontece - disse o bulldog.
- Onde estou? - a menina limpava o choro morno do rosto.
- Não faço a menor ideia. Quem sabe se andarmos por ai não encontramos alguma informação - falou o bulldog se coçando.
- Por que eu andaria com um cachorro falante?
- E por que eu andaria com um humano que fala? Isso também é esquisito para mim. Eu te protejo e você... me alimenta se for o caso. Mas podemos descobrir juntos onde estamos. O sol não vai cair sobre nossas cabeças... Assim espero!
Naquele momento a menina perdeu o medo e acompanhou o bulldog pela trilha de barro e asfalto por entre a plantação. O único som era de uma intensa queda d'água que não tomava forma em lugar nenhum. A plantação foi diminuindo e uma casa estilo germânica se ergueu em um piscar de olhos. A menina ficou com a vista embaçada e quando percebeu já estava dentro da casa acompanhada do barulhinho do sino de entrada.
- O que desejam? - gritou um homem parrudo com um cetro na mão e avental sujo de algo roxeado.
- Queremos saber onde estamos?
- Estão na minha loja, onde mais?
- Onde mais? Você poderia nós dizer - o bulldog avançou alguns passos já em cima do balcão pelo menos na altura na pança do parrudo homem.
- No fim do mundo se continuarem na minha loja. Saim daqui.
Em um instante a casa não existia mais e os dois andarilhos continuaram a andar pela plantação.
- Acredito que seja muito cedo para descobrirmos onde estamos. Vamos dar uma volta na cidade. Estou com muita fome.
- Mas aqui não tem nada além de trigo e barro - disse a menina quando o sol diminuiu o brilho e um declive surgiu passos adiante. Embaixo, um vilarejo comum se apresentou para a garota atônita.
O Bulldog não perdeu tempo e entrou em uma lanchonete de madeira com uma placa gigante dizendo "Muita comida de cachorro de graça". O cão não parava de balançar a calda degustando frango e outras comidas que de longe eram de cachorro. Até a menina comeu um pedaço de torta de biscoitos.
Frangos devorados depois uma moça de vestido azul e loira afagou o cachorro feliz e sentou ao lado da criança. O sorriso da moça fazia o sol do lado de fora voltar a brilhar fortemente, mas quando ficava de lábios fechados e expressão de dúvida, séria e preocupada, o sol ficava encoberto por nuvens.
- O que uma menina linda faz em um lugar tão perigoso como aqui?
- Perigoso? Comida grátis não chega a ser perigoso - a menina ficou confusa. Cidade pacata sem muitos enfeites, não parecia ter nada de perigoso. De repente o barulho da queda d'água ficou mais intensa.
- Essa fronteira é muito perigosa, energizante, mas perigosa. Um bulldog comilão não conseguirá te manter segura nas próximas vindas.
- Vindas...
Tudo apagou e o sonho acabou.

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